Na próxima quarta-feira, 17 de outubro, às 18h00 no Ponto de Economia Solidária do Butantã (Av. Corifeu de Azevedo Marques, 250), a Rede Butantã tem reunião extraordinária para discutir e atualizar a Carta Aberta da Rede Butantã. A reunião é aberta a todos e todas. Leia a Carta abaixo e traga a sua contribuição para que ela respeite cada vez mais os desejos dos(as) moradores(as) e profissionais do Butantã.
A Rede
Butantã se formou em 2000 com o propósito de reunir organismos da sociedade
civil para otimizar e integrar serviços prestados, viabilizando projetos
conjuntos que respondam às demandas sociais da região do Butantã, buscando a
melhoria de vida dos seus moradores. Nestas quase duas décadas de atuação,
a Rede Butantã, de forma democrática, em encontros presenciais e debates
virtuais, construiu uma agenda de reivindicações e propostas, sempre na
perspectiva do direito à cidade, fundado na gestão participativa, na construção
de bairros sustentáveis, com justiça ambiental, direito à cultura, educação,
saúde e lazer. Essa Agenda que ora apresentamos também está alinhada aos 17
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável-ODS da Agenda 2030 da ONU, que
considera as dimensões social, ambiental e econômica de forma integrada e
indivisível.
A região do Butantã conta
com uma população de cerca de 450 mil habitantes, distribuída por cinco
distritos: Butantã, Rio Pequeno, Vila Sonia, Raposo Tavares e Morumbi. Com
características diversas, é possível afirmar que esta região apresenta uma
visão condensada do conjunto dos problemas da cidade: desigualdades, potencialidades
e dificuldades. A mesma região onde se encontram casas de alto padrão abriga
mais de 80 favelas, retrato de um quadro gritante de injustiça, vulnerabilidade
e exclusão social, no qual observamos questões agudas como o baixo nível de
escolaridade e renda, agravadas pela carência de serviços públicos de
qualidade.
A Rede Butantã, um dos
inúmeros fóruns em funcionamento no Butantã e talvez o mais antigo, realiza
reuniões na primeira quarta-feira de cada mês, de forma itinerante, oferecendo
uma oportunidade de participação e conhecimento dos vários distritos e bairros
de nossa região. Visando facilitar e intensificar a comunicação, a Rede Butantã
tem também um grupo de discussão virtual do qual participam mais de 400 pessoas
que trocam informações e opiniões através do
endereço rede-butanta@googlegroups.com, assim como espaços democráticos de
participação no Facebook.
A Rede
Butantã reconhece a importância e apoia os conselhos da sociedade civil
constituídos, sendo valiosos instrumentos para o cumprimento do Estatuto das
Cidades e consolidação da democracia participativa.
Graças a este grande acúmulo
de reflexões, a Rede Butantã apresenta abaixo as questões consideradas mais
urgentes e relevantes à região, esperando com isto contribuir com sua gestão.
MEIO AMBIENTE
Ainda
existem no Butantã, áreas com remanescentes de Mata Atlântica, vegetação do
cerrado, nascentes e cursos d'água, valioso patrimônio que, além de conter
espécies em extinção, contribui para as condições climáticas e qualidade de
vida na Cidade. É importante observar que 30% do território é classificado,
no Plano Diretor Estratégico, como Macrozona de Proteção e Recuperação
Ambiental, cuja diretriz primordial é a manutenção e recuperação do meio
ambiente, tema que deve estar sempre presente nas políticas públicas de
habitação, saúde, cultura e educação.
- Implantação efetiva
do Plano de Resíduos Sólidos;
- Implantação efetiva
do Programa de Recuperação de Fundos de Vale e implantação de Parques
Lineares, entre os quais Linear Água Podre; Nascentes do Jaguaré, Itaim,
Itararé, Caxingui, Corveta Camucã, Jd. Sarah, Jacarezinho, Passagem
Grande, Charque Grande;
- Implantação dos
Parques Urbanos previstos em legislação, entre os quais Chácara da Fonte e
Mata do IPESP;
- Continuidade na
execução do Parque Juliana de Carvalho Torres;
- Continuidade do
processo de implantação e manejo do Parque Chácara do Jóquei. Garantindo e
ampliando o processo de diálogo e participação da comunidade na gestão do
parque e esclarecendo e garantindo espaço de participação da população com
relação ao processo de concessão deste Parque.
- Retomada do Programa
Córrego Limpo na região, parceria entre SABESP e a Prefeitura;
- Implantação de Praça
na área da Carlos Farias, reintegrada pela Subprefeitura (Distrito Raposo
Tavares);
- Articulação para a
incorporação da área de ZEPAM do Carrefour ao Parque Previdência;
- Solução para as
enchentes do Córrego Jaguaré através de um plano de drenagem que contemple
a ampliação das áreas verdes e permeáveis, implantação de parques lineares
nas sub-bacias com retenção de água das chuvas e outras propostas
sustentáveis. Somos contrários à construção de piscinão como estratégia
para a solução das enchentes;
- Estruturação das
cooperativas com pessoal e equipamentos para a implantação da
universalização da coleta seletiva porta a porta;
- Prestação de
informação qualificada por parte do poder público para viabilizar o
monitoramento da implantação do empreendimento Reserva Raposo, no distrito
Raposo Tavares, que deverá gerar significativo impacto ambiental com a construção
de 18 mil unidades habitacionais nos próximos anos.
- Atenção com a área
do Parque Linear Sapé que sofreu recentemente ocupação que compromete a
construção de prédios planejados para aquele terreno assim como a qualidade
do córrego que foi recuperado em parceria com a SABESP e participação da
população.
SAÚDE
·
·
Fortalecimento
das ações de vigilância em saúde e saúde da família, como atividades de
prevenção à doença;
·
Implantação
de novos equipamentos, especialmente de atenção básica (Unidade Básica de Saúde
- UBS) e de Atendimento Psico-social (CAPS). O Butantã ainda figura como a
região com menor cobertura de CAPS da cidade de São Paulo, mesmo com a
bem-vinda instalação em 2016 do nosso primeiro CAPS-Infantil. É fundamental a
construção e colocação em funcionamento do CAPS Álcool e Drogas, previsto para
a região da Raposo Tavares;
- Qualificação da UBS
Rio Pequeno que permanece em instalações precárias (casa alugada e de
pequeno porte);
- Ampliação do serviço
nas unidades com baixa capacidade de cobertura para territórios densamente
povoados, implantando UBS Integral nestas áreas (Caxingui, Real Parque,
Malta Cardoso no Rio Pequeno). A UBS Integral do Real Parque foi aprovada
na primeira gestão do Conselho Participativo Municipal como prioridade e até
agora não foi concretizada;
- Implantação de
equipamento (UBS) que atenda a população da COHAB Raposo
Tavares/Munk, reivindicação histórica na região;
- Ampliação
do Hospital Municipal Mário Degni, que se tornou hospital
geral regional ressaltando a necessidade de ampliação de leitos e o atendimento do
parto humanizado (esclarecemos que o sucateamento do Hospital
Universitário-HU tem agravado a situação de atendimento na região
tornando essa demanda mais urgente); - Implantação de
serviços de atendimento ao idoso;
- Necessidade de
implantação de políticas de cuidados que não dependem de instalação de
novos equipamentos, como o Programa de Atenção ao Idoso, EMAD (atenção
domiciliar para acamados), Programa de Atenção à Pessoa com Deficiência e
ESF.
HABITAÇÃO
A Rede Butantã tem
acompanhado com preocupação tanto processos de ocupação de áreas por famílias
extremamente necessitadas e pouco orientadas como, na sequência, os processos
de reintegração de posse destas áreas. Existe um número grande de ocupações irregulares
na região e uma forte demanda por moradia. Em que pesem todas as
irregularidades existentes nestas ocupações e a necessidade de prevenir a
ocorrência de acidentes em áreas de risco, é fundamental que anteriormente a
movimentação para reintegração de posse, o Estado se preocupe em investir
seriamente na solução de problemas habitacionais, garantindo amparo e o direito
à moradia digna e segura a estas famílias. É fundamental evitar que este ciclo
perverso de ocupação e expulsão tenha continuidade e, para isto, indicamos as
seguintes necessidades:
·
Destinação
de recursos para estudo de áreas apropriadas e possíveis para construção de
moradia popular;
·
Construção
de novas moradias, observando não só a quantidade de construções mas também sua
qualidade uma vez que em construções bastante novas, como as do Real Parque, já
são observados problemas;
·
Criação
de condições para trabalho alinhado entre Habitação e Assistência Social, para
que as famílias sejam atendidas com qualidade e correção tanto no processo de cadastramento,
como no de distribuição de vagas e também nos casos extremos em que seja
inevitável a retirada de pessoas dos locais que estão ocupando;
·
Atuação
conjugada e transparente das Secretarias envolvidas, das equipes da Prefeitura
Regional e acompanhamento pelo Conselho Participativo Municipal do Butantã e
representantes dos Movimentos de Moradia;
·
Garantia
de verbas para a conclusão de projetos já iniciados como o da Viela da Paz e Sapé;
·
Regularização
fundiária do Jardim Maria Amélia e de outras áreas do Butantã que ainda
aguardam este procedimento;
·
Respeito
as listas de espera de famílias já cadastradas para moradia na região,
atendendo reivindicação dos movimentos de moradia que atuam seriamente na
região.
EDUCAÇÃO
·
Ampliação
do número de Centros de Educação Infantil (CEIs), preferencialmente com
administração direta, atendendo prioritariamente demanda das comunidades
São Remo, Viela da Paz e Camarazal, já reconhecida e identificada;
·
Conclusão
e colocação em funcionamento da CEI no Rio Pequeno, eleita como prioridade pela
primeira gestão do CPM-Bt;
·
Construção de
uma CEI no Real Parque (já aprovada pela SME/processo 2013.0.036.358-0), onde
atualmente está o canteiro de obras da urbanização, início de construção
imediata para evitar ocupação irregular e atender demanda por vagas;
·
Garantir
e ampliar o processo de gestão democrática das unidades municipais de educação,
através dos conselhos de escola e grêmios estudantis.
ASSISTÊNCIA SOCIAL
·
Ampliação
dos serviços da proteção básica;
·
Ampliação
do número de Centros para criança e adolescentes (CCA) e Centros de Juventude
nos distrito Raposo Tavares e Rio Pequeno especialmente;
·
Instalação
de dois CRAS – Rio Pequeno e Raposo Tavares;
·
Ampliação
do Serviço de Assistência Social às famílias (SASF) no Rio Pequeno e Raposo
Tavares;
TERCEIRA IDADE
·
Implantação,
em cada distrito do Butantã, de Núcleos de Convivência do Idoso (NCI) com 100
vagas cada, atendendo à Política Pública da Assistência Social;
·
Ampliação
do atendimento preferencial e específico em todas as áreas da população idosa;
·
Construção
e destinação de recursos para Unidades de Referência a Saúde do Idoso (URSI) já
prevista em terreno na Rodovia Raposo Tavares;
·
Construção
de Centros de Lazer que atendam não apenas a esse grupo etário, mas especialmente
a ele.
INFÂNCIA
·
Fortalecimento e ampliação do trabalho das redes de proteção
e a estruturação do orçamento criança, em que cada pasta deve discriminar o
quanto de recurso público é destinado à infância em cada setor.
·
Fortalecimento da estrutura de funcionamento dos Conselhos
Tutelares.
·
Reconhecimento do Fórum em Defesa dos Direitos de Crianças e
Adolescentes do Butantã (FoCA-Bt) que atua na região desde 2000, como
interlocutor na área. O FoCA-Bt promove desde sua criação a Semana do Estatuto
da Criança e do Adolescente no Butantã (Semana do ECA) e organiza bienalmente
as Conferências DCA Regionais.
CULTURA
·
Contratação
de equipe básica que dê condições para abertura de programação na Casa do
Sertanista, Casa do Bandeirante e Pólo de Economia Criativa do Parque Chácara
do Jóquei;
·
Desenvolvimento
de projeto com destinação de recursos para Terreno de Cultura da Cohab Raposo
Tavares e criação de Centro de Memória da Cohab Raposo Tavares.
·
Criação
de Centro de Memória do Butantã no Parque Chácara do Jóquei;
·
Garantia
de recursos para funcionamento da Casa de Cultura do Butantã e integração de
sua programação a um calendário cultural da região;
·
Atenção
na preservação, divulgação e conservação do potencial cultural, histórico e
artístico do Morro do Querosene (Caminho do Peabirú; Festa do Boi; Orquestra de
Berimbaus);
·
Incentivo as atividades culturais em ruas e praças com apoio
operacional. Temos acompanhado o importante movimento de ações como, por
exemplo, as feiras na Praça Elis Regina, os festivais e feiras na COHAB Raposo
Tavares, as feiras, festivais e festas no Morro do Querosene, os festivais no
Rio Pequeno, os blocos de carnaval, atividades que possibilitam o encontro,
confraternização e ações comunitárias que agregam saldo positivo na difusão da
nossa cultura;
- Criação da Agenda Cultural do Butantã, contemplando todos os seus
Distritos, reconhecendo suas práticas, integrando a programação cultural
de equipamentos, estabelecimentos e manifestações de rua, iniciando o
processo de detecção dos Territórios Culturais do Butantã;
- Desburocratização do uso de ruas, praças e parques para atividades
culturais;
- Integração da rede de educação com equipamentos e agenda cultural,
com a promoção da Escola Além dos Muros, com visitas às Casas de Memória,
Casa de Cultura, eventos populares e outros equipamentos como CEUs;
- Fomentos/Editais que contemplem também as práticas de rua, não
prioritariamente equipamentos, tendo ação de facilitadores das expressões
culturais e artísticas como elo entre comunidade e equipamentos;
- Programas como Agente Comunitário de Cultura que tem ação
territorial, sejam articulados com a Supervisão de Cultura, para
fortalecimento das ações territoriais e desenvolvimento local;
- Promoção da descentralização de recursos culturais, com a
destinação de verba da Supervisão de Cultura para práticas culturais e
artísticas periféricas, não atendidas por editais ou outros programas de
fomento;
- Criação de agenda de carnaval de Rua local, com agenda integrada,
priorizando os blocos e cordões locais e não terceirizados, além da
regulamentação dos mesmos, promoção de uma programação pra além do
carnaval;
- Contratação de artista local na programação da agenda de eventos
da região, quando houver contratação de convidados que haja esforço para a
presença de artistas da região nas apresentações tendo nas políticas
públicas culturais um vetor para o desenvolvimento sustentável;
MOBILIDADE
- A mobilidade é tema fundamental para garantir o direito à cidade
de maneira democrática. Por ser tema transversal, viabiliza não somente a
circulação de bens e mercadorias, mas assegura o acesso dos cidadãos
ao trabalho, comércio, equipamentos de saúde, educação, pontos de
lazer, praças, parques públicos etc... Em
São Paulo é preciso reverter seu papel segregador, bem como seu
histórico papel de responsável por parte significativa da poluição e das
mortes.
- Ação efetiva para
solucionar o gargalo de trânsito para ônibus, pedestres, bicicletas,
automóveis etc. que acontece junto à estação Butantã do metrô, demandando
uma articulação com Metrô, SPTrans, Secretaria de Negócios Metropolitanos,
EMTU, Secretaria de Transportes e moradores da região;
- Implantação de faixa
exclusiva de ônibus na Rodovia Raposo Tavares (que no futuro poderá
ser convertida em corredor). A CET já realizou
estudos que indicam a viabilidade desta faixa do Rodoanel até a Av. Prof.
Francisco Morato;
- Observância da Lei
da Mobilidade Urbana, que no território se expressa na priorização
de calçadas largas e planas, adequadas para os diferentes perfis de
pedestres; criação de passagens ou caminhos que abreviem os trajetos de
pedestres; rede cicloviária extensa, de qualidade e articulada com outros
modos; frota ecológica de ônibus com carrocerias adequadas para transporte
de pessoas com suas diferentes necessidades; linhas circulares e
transversais dentro do bairro, conectando a população a pontos
importantes, como postos de saúde e escolas; localização adequada dos
pontos de ônibus para facilitar o deslocamento dos usuários e priorizar o
pedestre; manutenção do limite de velocidade nas marginais e grandes
avenidas, minimizando o número de acidentes e mortes no trânsito;
- Em relação ao novo
edital de licitação dos ônibus previsto para o município de São Paulo
reivindica-se que: 1) a duração dos contratos seja diminuída de 20+20 anos
para 10+5 anos no máximo, de forma a garantir a amortização dos
investimentos e a respeitar as cada vez mais aceleradas mudanças na cidade
e nas tecnologias; 2) a remuneração das empresas seja por custo
operacional e qualidade, avaliada na perspectiva dos usuários,
influenciando a remuneração dos prestadores de serviço; 3) o desenho do
novo sistema a ser implantado seja previamente discutido junto à população
em plenárias e audiências públicas amplamente divulgadas pelas
subprefeituras.
- Observação: O Grupo de Trabalho Mobilidade (GT-Mobilidade) da
Rede Butantã, construiu documento bastante detalhado sobre questões gerais
da cidade e especificas do Butantã que está disponível para consulta no
Blog da Rede Butantã (redebutanta.blogspot.com). Este mesmo grupo também
facilitou oficinas em bairros da região para discutir e construir com os
moradores melhores trajetos e linhas de ônibus. Consideramos importante
que este trabalho seja reconhecido, aproveitado e valorizado.
TRABALHO, EMPREENDEDORISMO, ECONOMIA
SOLIDÁRIA
- Consolidação do Ponto de Economia Solidária,
Comércio Justo, Cooperativismo Social e Cultura através das ações
descritas no Termo de Cooperação entre SDTE e SMS;
- Fortalecimento do CRESAN;
- Continuidade das ações desenvolvidas através da
ADESAMPA para fortalecimento do empreendedorismo e desenvolvimento local;
- Implantação das Feiras de Artesanato nas praças
Oliveira Penteado, José Maria Homem dos Montes, Elis Regina e Santo
Coimbra.
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