Reunião na
FAU – Convite Prof. Nabil Bonduki
05/junho/2012
Cerca de 150
pessoas presentes
Este encontro fez parte do Curso Projetos,
oferecidos à alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Além do
Nabil, outros professores da FAU estiveram presentes.
Neste curso os alunos estão trabalhando com um
Plano Diretor para o Butantã, levantando principais questões e problemas e
elaborando propostas gerais para o Butantã (incluindo a USP, que em geral não é
vista como parte do Butantã). Este trabalho de observação está sendo feito
neste primeiro semestre e existe interesse em apresentá-lo para a população do
Butantã assim que possível, em uma ou mais reuniões. No segundo semestre este
mesmo grupo de alunos deve desenvolver projeto em área específica do Butantã,
pra proposição de soluções para estes problemas específicos. O objetivo deste
encontro é tanto o de checar a cobertura de questões neste primeiro trabalho de
prospecção como também ter maior clareza dos problemas que podem atrair atenção
para o trabalho no segundo semestre.
Procuramos estabelecer uma ordem de falas limitando
a fala de cada um em 10 minutos.
Rede Butantã
(Martha Pimenta)
Breve histórico da Rede Butantã, das ações
desenvolvidas em seus 12 anos de existência e do seu potencial de mobilização.
Existência de várias outras redes hoje no Butantã, atendendo a necessidade de
discussão e articulação em torno de temáticas específicas (Criança e
Adolescente – FoCA-Bt; Rede de Segurança Alimentar; Fórum de Saúde Mental) e
questões locais (Micro redes Sapé, João XXIII, Jaqueline, etc). Todas elas de
certa forma se articulam e multiplicam em questões que dizem respeito de forma
mais geral aos moradores da região e da cidade (Operação Urbana Vila Sonia, Verticalização,
Mobilidade). Informações sobre grupos de participação virtual e datas e
funcionamento de reuniões presenciais. Convite para reunião no dia seguinte (6
de junho) no Parque Alfredo Volpi.
Comunidade
Vila Nova Esperança/Parque Tizo (Lia)
Comunidade que tem 600 famílias morando na área
desde 1960. Estas famílias participaram da luta pela manutenção da área verde e
pela não transformação da área que hoje é o Parque Fazenda Tizo em área de
entulho de obras do Rodoanel. Agora existe ameaça de despejo destas famílias,
com a argumentação de que incomodam a organização do Parque. Estes moradores,
propõem que nesta área seja organizada e reconhecida como Vila Ecológica, com a
participação dos moradores na preservação ecológica da área.
Movimento de
Moradia/Cohab Raposo Tavares (Janete Lima)
Em 2002 foi feito o Plano Diretor da Cohab Raposo
Tavares, com a participação de alunos da FAU, que tomaram este projeto como
atividade de curso. Experiência foi rica e produtiva e por isso é bem vindo o
interesse em participar novamente da vida desta região. Neste projeto foi feita
inclusive uma maquete da área que, infelizmente, foi perdida. A Cohab Raposo
tem 1222 apartamentos e 666 casas (422 originais + 244 construídas agora) e
cerca 10 mil moradores. Duas importantes conquistas da mobilização na Cohab
Raposo foram o Centro Cultural (no tempo da participação de alunos FAU) e a
chegada de uma Escola Técnica Estadual – ETEC. Problemas ainda são
generalizados em áreas pobres onde mais de 15 mil pessoas estão morando com
aluguel social (valor pago pela prefeitura para que a pessoa saia do local
desapropriado – este valor em geral faz com que as famílias precisem ir para
locais mais distantes, perdendo oportunidades de emprego, estudo, laços
comunitários e atendimento de saúde). Pq. Linear Ribeirão Jaguaré – CNAS –
Benefício de prestação continuada – pessoas com problemas de saúde.
Mobilidade
Urbana (Thiago)
Importância de que haja implantação de malha
cicloviária digna, que conduza de fato e com segurança os ciclistas de um ponto
a outro. Usuários de bicicletas são na maioria pessoas que optam por este meio
de transporte ou porque não podem pagar transporte ou não podem ficar tantas
horas no trânsito. A questão colocada é
então pensar em como construir malhas viárias que contribuam para a melhoria de
condições de vida dos moradores, especialmente dos que mais precisam.
Integração de modais. Ciclovia na Eliseu de Almeida.
Chácara do
Jóckey (Padre Darci)
Área no Ferreira pertencente ao Jockey Clube. O
Jockey tem uma enorme dívida com a municipalidade e foi colocado este terreno
como possibilidade de pagamento desta dívida. A população se mobilizou para
garantir então este terreno como área de utilidade pública e preservação
ambiental, fazendo abaixo-assinado que foi entregue na Prefeitura em maio deste
ano. O processo que acompanhava esta questão foi visto e acompanhado pelo grupo
de moradores até um certo momento em que ele desapareceu. Já houve movimento do
Jockey para pagamento de parcela da dívida, a PMSP também perdoou parte da
dívida e a ameaça de que este terreno seja vendido à especulação imobiliária é
grande. Ideia é de que a área pode ser transformada em parque Municipal, com a
construção de uma escola de esportes. A Chácara é conhecida pelo projeto de
futebol com crianças – Pequeninos do Jockey – que pode ter continuidade e
aperfeiçoamento.
Chácara da
Fonte (Cecília)
No Morro do Querosene fica o Caminho do Peabiru, que vai até o
Peru. Passagem dos bandeirantes. Importância histórica e de preservação
ambiental tendo duas fontes, três nascentes e área de mata atlântica sujeita a
extinção. A Chácara da Fonte foi tombada pelo CONPRESP, mas como se trata de
área particular foi fechada e a garantia de condições para sua preservação
inexiste. Em março a área alagou e não houve condições de acompanhamento para
saber se houve algum dano as fontes. No dia 1 de julho será feito um grande
evento cultural no Morro do Querosene em defesa da preservação da Chácara. (Somozum
pela Fonte)
Operação
Urbana Vila Sonia (Sérgio Reze – Defenda São Paulo)
Desde 2006 existe movimentação em torno da questão
da Operação Urbana Vila Sonia (OUVS), com a formação de grupos que tem
discutido o projeto e buscado formas de participação na sua elaboração e
implantação. Pressão destes grupos garantiu a oportunidade de realização de
reunião no Parque Previdência com Secretário Municipal de Desenvolvimento
Urbano (SMDU), Miguel Bucalen e sua equipe. Nesta reunião foi articulado grupo
de representantes dos moradores para acompanhamento dos estudos necessários
para viabilidade do projeto e houve garantia do secretário de que a construção
do projeto se daria de forma participativa. No entanto, apesar da insistência
deste grupo para participação em reuniões isto não aconteceu e em 2011 SMDU
chamou audiência pública em que apresentou projeto pronto para OUVS. Graças a
farta documentação que comprova as tentativas de participação não atendidas
pela secretaria, foi expedida liminar que impede a continuidade da OUVS. A
mobilização da população precisa ser constante, para que se impeça a retomada
de projetos como a construção do Túnel que além de comprometer a Praça Elis
Regina e a mata do parque Previdência, é ainda um projeto com grandes problemas
arquitetônicos, uma vez que seu desemboque se daria em local que provavelmente
só viria a ter congestionamentos agravados.
Amarrando um
pouco (Pedro Guasco)
Existência de projetos ruins e que fazem mal feito
pra depois fazer de novo, contribuíram para que o Butantã procurasse formas de
organização e de participação popular. Possibilidade da USP como parceira para
intervir nos projetos é importante e necessária. Necessidades de
infra-estrutura e de equipamentos que garantam direitos básicos à população
mais pobre. Luta por creche na São Remo existe há mais de dez anos e embora
tenha havido inclusive destinação de verba para construção em área próxima a
favela, a dificuldade apontada pela prefeitura era de terreno disponível. De lá
para cá foram construídos prédios de apartamentos na Av. Corifeu de Azevedo
Marques e outros empreendimentos. Por que estas áreas não foram usadas para
creche?
Problemas de moradia – importância em pensar
soluções inovadoras, como a Vila Agro ecológica proposta pela Vila Nova
Esperança.
Inovações que podem se apresentar como soluções
para um lugar podem ser mais um problema para outro: Monotrilho pode ser
solução para Raposo Tavares, mas se apresenta como problema para Morumbi e
região. Paraisópolis que necessita de solução de transporte vê monotrilho com
bons olhos.
Riscos para ciclistas – Alças de acesso às
marginais (Thiago)
Perguntas/Comentários
Raquel Rolnic:
Necessidade de apontar estratégia geral para a
Subprefeitura que contemple questões apontadas neste encontro.
Como é vista pela população do Butantã a relação da USP com os bairros?
Como é visto o Morumbi, pelos movimentos.
Janete – USP é maravilhosa e esta experiência que houve com a FAU na
Cohab foi incrível, mas no geral a relação da USP é só com a São Remo.
Thiago – Observação do encastelamento cada vez maior da USP. No
Conselho Gestor do Quadrilátero da Saúde (Pinheiros) houve apresentação pelos
novos especialistas em segurança de projeto que será colocado em prática e que
torna maior o controle de acesso à USP. Pessoas que passam pela marginal
Pinheiros e veem o muro não sabem que ali atrás está a USP.
Cecília – Ocupação da USP, no Butantã era muito saudável e com forte
cunho cultural. Necessidade de discutir conceitos e emoções.
Sérgio – Relação com o Morumbi e a concentração de riqueza faz com que
se reproduzam modelos de segurança que chamam ao isolamento. Feudalização da
cidade.
Martha – Participação do Morumbi na Rede Butantã se dá quase que
exclusivamente pelo Real Parque, onde existe favela grande, reduto indígena
(Pankararu) e Projeto Social que recebe as reuniões (Casulo). Distancia e
dificuldade de transporte dificulta participação mais integrada.
Como é a relação dos moradores com o resto da cidade?
De bicicleta é mais fácil ir para o centro da cidade do que para
Osasco. De carro é mais fácil ir para Osasco. Existência de comercio local.
Carência na região é de estabelecimentos culturais – teatros, cinemas.
Foram sugeridos livros, blogs, sites, grupos de discussão, que estão
listados a seguir:
Livros:
Parceiros da exclusão – Mariana Fix – Editorial Boitempo – R$42,00.
Sobre parceria do poder público com iniciativa privada na exclusão e
expropriação de moradores de interesse para especulação imobiliária.
Diários de Bicicleta – David Byrne – Editora Amarilys – R$49,00. Memórias do músico David Byrne, que leva sua
bicicleta para todas as cidades que visita.
Blogs/Sites:
https://www.facebook.com/groups/287387078024472/
(Grupo no Facebook – Movimento do Butantã contra a verticalizaçção predatória)