quinta-feira, 28 de junho de 2012

Reunião na FAU-USP


Reunião na FAU – Convite Prof. Nabil Bonduki
05/junho/2012
Cerca de 150 pessoas presentes

Este encontro fez parte do Curso Projetos, oferecidos à alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Além do Nabil, outros professores da FAU estiveram presentes.
Neste curso os alunos estão trabalhando com um Plano Diretor para o Butantã, levantando principais questões e problemas e elaborando propostas gerais para o Butantã (incluindo a USP, que em geral não é vista como parte do Butantã). Este trabalho de observação está sendo feito neste primeiro semestre e existe interesse em apresentá-lo para a população do Butantã assim que possível, em uma ou mais reuniões. No segundo semestre este mesmo grupo de alunos deve desenvolver projeto em área específica do Butantã, pra proposição de soluções para estes problemas específicos. O objetivo deste encontro é tanto o de checar a cobertura de questões neste primeiro trabalho de prospecção como também ter maior clareza dos problemas que podem atrair atenção para o trabalho no segundo semestre.
Procuramos estabelecer uma ordem de falas limitando a fala de cada um em 10 minutos.

Rede Butantã (Martha Pimenta)
Breve histórico da Rede Butantã, das ações desenvolvidas em seus 12 anos de existência e do seu potencial de mobilização. Existência de várias outras redes hoje no Butantã, atendendo a necessidade de discussão e articulação em torno de temáticas específicas (Criança e Adolescente – FoCA-Bt; Rede de Segurança Alimentar; Fórum de Saúde Mental) e questões locais (Micro redes Sapé, João XXIII, Jaqueline, etc). Todas elas de certa forma se articulam e multiplicam em questões que dizem respeito de forma mais geral aos moradores da região e da cidade (Operação Urbana Vila Sonia, Verticalização, Mobilidade). Informações sobre grupos de participação virtual e datas e funcionamento de reuniões presenciais. Convite para reunião no dia seguinte (6 de junho) no Parque Alfredo Volpi.

Comunidade Vila Nova Esperança/Parque Tizo (Lia)
Comunidade que tem 600 famílias morando na área desde 1960. Estas famílias participaram da luta pela manutenção da área verde e pela não transformação da área que hoje é o Parque Fazenda Tizo em área de entulho de obras do Rodoanel. Agora existe ameaça de despejo destas famílias, com a argumentação de que incomodam a organização do Parque. Estes moradores, propõem que nesta área seja organizada e reconhecida como Vila Ecológica, com a participação dos moradores na preservação ecológica da área.

Movimento de Moradia/Cohab Raposo Tavares (Janete Lima)
Em 2002 foi feito o Plano Diretor da Cohab Raposo Tavares, com a participação de alunos da FAU, que tomaram este projeto como atividade de curso. Experiência foi rica e produtiva e por isso é bem vindo o interesse em participar novamente da vida desta região. Neste projeto foi feita inclusive uma maquete da área que, infelizmente, foi perdida. A Cohab Raposo tem 1222 apartamentos e 666 casas (422 originais + 244 construídas agora) e cerca 10 mil moradores. Duas importantes conquistas da mobilização na Cohab Raposo foram o Centro Cultural (no tempo da participação de alunos FAU) e a chegada de uma Escola Técnica Estadual – ETEC. Problemas ainda são generalizados em áreas pobres onde mais de 15 mil pessoas estão morando com aluguel social (valor pago pela prefeitura para que a pessoa saia do local desapropriado – este valor em geral faz com que as famílias precisem ir para locais mais distantes, perdendo oportunidades de emprego, estudo, laços comunitários e atendimento de saúde). Pq. Linear Ribeirão Jaguaré – CNAS – Benefício de prestação continuada – pessoas com problemas de saúde.

Mobilidade Urbana (Thiago)
Importância de que haja implantação de malha cicloviária digna, que conduza de fato e com segurança os ciclistas de um ponto a outro. Usuários de bicicletas são na maioria pessoas que optam por este meio de transporte ou porque não podem pagar transporte ou não podem ficar tantas horas no trânsito.  A questão colocada é então pensar em como construir malhas viárias que contribuam para a melhoria de condições de vida dos moradores, especialmente dos que mais precisam. Integração de modais. Ciclovia na Eliseu de Almeida.

Chácara do Jóckey (Padre Darci)
Área no Ferreira pertencente ao Jockey Clube. O Jockey tem uma enorme dívida com a municipalidade e foi colocado este terreno como possibilidade de pagamento desta dívida. A população se mobilizou para garantir então este terreno como área de utilidade pública e preservação ambiental, fazendo abaixo-assinado que foi entregue na Prefeitura em maio deste ano. O processo que acompanhava esta questão foi visto e acompanhado pelo grupo de moradores até um certo momento em que ele desapareceu. Já houve movimento do Jockey para pagamento de parcela da dívida, a PMSP também perdoou parte da dívida e a ameaça de que este terreno seja vendido à especulação imobiliária é grande. Ideia é de que a área pode ser transformada em parque Municipal, com a construção de uma escola de esportes. A Chácara é conhecida pelo projeto de futebol com crianças – Pequeninos do Jockey – que pode ter continuidade e aperfeiçoamento.

Chácara da Fonte (Cecília)
No Morro do Querosene fica o Caminho do Peabiru, que vai até o Peru. Passagem dos bandeirantes. Importância histórica e de preservação ambiental tendo duas fontes, três nascentes e área de mata atlântica sujeita a extinção. A Chácara da Fonte foi tombada pelo CONPRESP, mas como se trata de área particular foi fechada e a garantia de condições para sua preservação inexiste. Em março a área alagou e não houve condições de acompanhamento para saber se houve algum dano as fontes. No dia 1 de julho será feito um grande evento cultural no Morro do Querosene em defesa da preservação da Chácara. (Somozum pela Fonte)

Operação Urbana Vila Sonia (Sérgio Reze – Defenda São Paulo)
Desde 2006 existe movimentação em torno da questão da Operação Urbana Vila Sonia (OUVS), com a formação de grupos que tem discutido o projeto e buscado formas de participação na sua elaboração e implantação. Pressão destes grupos garantiu a oportunidade de realização de reunião no Parque Previdência com Secretário Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU), Miguel Bucalen e sua equipe. Nesta reunião foi articulado grupo de representantes dos moradores para acompanhamento dos estudos necessários para viabilidade do projeto e houve garantia do secretário de que a construção do projeto se daria de forma participativa. No entanto, apesar da insistência deste grupo para participação em reuniões isto não aconteceu e em 2011 SMDU chamou audiência pública em que apresentou projeto pronto para OUVS. Graças a farta documentação que comprova as tentativas de participação não atendidas pela secretaria, foi expedida liminar que impede a continuidade da OUVS. A mobilização da população precisa ser constante, para que se impeça a retomada de projetos como a construção do Túnel que além de comprometer a Praça Elis Regina e a mata do parque Previdência, é ainda um projeto com grandes problemas arquitetônicos, uma vez que seu desemboque se daria em local que provavelmente só viria a ter congestionamentos agravados.

Amarrando um pouco (Pedro Guasco)
Existência de projetos ruins e que fazem mal feito pra depois fazer de novo, contribuíram para que o Butantã procurasse formas de organização e de participação popular. Possibilidade da USP como parceira para intervir nos projetos é importante e necessária. Necessidades de infra-estrutura e de equipamentos que garantam direitos básicos à população mais pobre. Luta por creche na São Remo existe há mais de dez anos e embora tenha havido inclusive destinação de verba para construção em área próxima a favela, a dificuldade apontada pela prefeitura era de terreno disponível. De lá para cá foram construídos prédios de apartamentos na Av. Corifeu de Azevedo Marques e outros empreendimentos. Por que estas áreas não foram usadas para creche?
Problemas de moradia – importância em pensar soluções inovadoras, como a Vila Agro ecológica proposta pela Vila Nova Esperança.
Inovações que podem se apresentar como soluções para um lugar podem ser mais um problema para outro: Monotrilho pode ser solução para Raposo Tavares, mas se apresenta como problema para Morumbi e região. Paraisópolis que necessita de solução de transporte vê monotrilho com bons olhos.
Riscos para ciclistas – Alças de acesso às marginais (Thiago)

Perguntas/Comentários

Raquel Rolnic:
Necessidade de apontar estratégia geral para a Subprefeitura que contemple questões apontadas neste encontro.
Como é vista pela população do Butantã a relação da USP com os bairros?
Como é visto o Morumbi, pelos movimentos.

Janete – USP é maravilhosa e esta experiência que houve com a FAU na Cohab foi incrível, mas no geral a relação da USP é só com a São Remo.

Thiago – Observação do encastelamento cada vez maior da USP. No Conselho Gestor do Quadrilátero da Saúde (Pinheiros) houve apresentação pelos novos especialistas em segurança de projeto que será colocado em prática e que torna maior o controle de acesso à USP. Pessoas que passam pela marginal Pinheiros e veem o muro não sabem que ali atrás está a USP.

Cecília – Ocupação da USP, no Butantã era muito saudável e com forte cunho cultural. Necessidade de discutir conceitos e emoções.

Sérgio – Relação com o Morumbi e a concentração de riqueza faz com que se reproduzam modelos de segurança que chamam ao isolamento. Feudalização da cidade.

Martha – Participação do Morumbi na Rede Butantã se dá quase que exclusivamente pelo Real Parque, onde existe favela grande, reduto indígena (Pankararu) e Projeto Social que recebe as reuniões (Casulo). Distancia e dificuldade de transporte dificulta participação mais integrada.

Como é a relação dos moradores com o resto da cidade?
De bicicleta é mais fácil ir para o centro da cidade do que para Osasco. De carro é mais fácil ir para Osasco. Existência de comercio local. Carência na região é de estabelecimentos culturais – teatros, cinemas.


Foram sugeridos livros, blogs, sites, grupos de discussão, que estão listados a seguir:

Livros:
Parceiros da exclusão – Mariana Fix – Editorial Boitempo – R$42,00. Sobre parceria do poder público com iniciativa privada na exclusão e expropriação de moradores de interesse para especulação imobiliária.
Diários de Bicicleta – David Byrne – Editora Amarilys – R$49,00.  Memórias do músico David Byrne, que leva sua bicicleta para todas as cidades que visita.

Blogs/Sites:





https://www.facebook.com/groups/287387078024472/ (Grupo no Facebook – Movimento do Butantã contra a verticalizaçção predatória)

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